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Mostrando postagens de 2019

OS GAYS TAMBÉM TÊM DIREITO DE AMAR.

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Domingo passado, no semanal almoço de família, um primo me disse: “O problema dos gays é que eles são todos promíscuos”.  Respirei fundo – da forma como aprendemos a fazer para aguentar almoços familiares – e perguntei com quantas prostitutas ele já tinha transado. Ora, eu o conheço há muito tempo e cresci ouvindo suas histórias sobre as meninas que pegava ali, sobre as surubas que fazia dacolá. Na sua juventude, quando ligávamos o seu computador, nos deparávamos com um papel de parede de uma mulher pelada numa posição pouco convencional. Há muitos anos, ele me levou num show de sexo ao vivo num SexShop em Copacabana e, na mesma época, prometeu-me não sei quantos reais se eu transasse com a empregada da casa da minha mãe. Essa mesma pessoa, hoje um pai de família, vem me dizer que os gays são promíscuos. Bom, não falo por todos, mas  eu  nunca transei com garotos de programa, nem participei de surubas. Não sou santo... Graças a Deus! E nem quero recriminar as pessoas

EU NÃO ERA GAY, EU ERA UMA CRIANÇA

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Durante toda a minha infância sempre houve, por parte de minha família, uma enorme vontade de que eu tivesse amizade com outros garotos. Quando eu era muito pequeno, lembro-me de brincar tanto com meninos quanto com meninas, mas na medida em que o tempo foi passando e meu jeito  delicado foi ficando mais evidente, a amizade com garotos começou a rarear. Lá pelos 11 anos, no entanto, mudaram-se para o meu prédio dois novos garotos. Não lembro-me dos nomes, infelizmente. Recordo-me apenas de que um tinha a minha idade e outro era mais velho. Lá pelos 16. Era bonito e falava muito das namoradas que tinha.  Nos encontrávamos no salão de festas – no meu prédio não tinha  playground – e, um dia, o mais novo perguntou em qual colégio eu estudava e, logo depois, completou:  "É perto do meu colégio. Amanhã nós podemos te dar uma carona". Subi as escadas esbaforido, na felicidade gigantesca de finalmente dar a minha mãe o orgulho de eu ter um amigo menino.  No dia seguin

AQUELAS “PEQUENAS” HOMOFOBIAS DIÁRIAS

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Dia desses, uma amiga me convidou para ser padrinho do seu filho. Eu aceitei! Não sei bem explicar a razão, mas geralmente eu me dou bem com crianças. Gosto de conversar com elas, de ouvir suas histórias, de jogar videogame e andar de bicicleta. Infelizmente, desta vez, perdi o afilhado... Depois de nascido, a amiga me desconvidou. Ela achou melhor chamar aquele outro amigo hétero que também tem filhos... “ele se encaixa melhor no perfil. Além do mais, você não combina com estas coisas de família. Você faz a linha diferentão!” No dicionário dela, diferentão deve significar gay. Pela mesma época, fui impedido de ser padrinho de novo. Mas, agora, de um casamento civil na praia, “Você não tem uma madrinha com quem fazer par.” É interessante como algumas pessoas ainda pensam que homofobia é apenas espancar gays na rua. Pensam que comportamentos homofóbicos precisam sempre ser  extremos, se resumindo a dar soco, chute e quebrar uma lâmpada fluorescente na cara de rapazes que anda

Deus. E o menino gay.

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A primeira vez que subi num palco, foi aos 15 anos. Eu tinha escrito uma peça de teatro para apresentar num festival do colégio. Nessa época, eu já sabia que aquele seria meu futuro e convidei minha mãe para assistir a apresentação. Queria convencê-la de que o teatro era um caminho sem volta. O auditório estava lotado.  As cortinas se abriram. Aquele frio na barriga apareceu. Mas poucos segundos depois de eu entrar em cena, um grande coro ecoou pela plateia. Todos os alunos daquele colégio católico – ou quase todos! –  gritaram harmoniosamente:  "Viado... Viado... Viado... Viado..."  A melodia repetiu-se várias vezes durante a apresentação e, ao final, não tive coragem de participar do agradecimento. Fiquei muitos minutos escondido pelas coxias e quando saí de lá, o teatro estava vazio. Exceto pela presença de minha mãe, que – embora estivesse tão humilhada quanto eu – segurou no meu ombro e disse:  "Foi uma boa peça, meu filho. Você tem futuro!"

É possível ser gay e feliz?

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De todas as violências que sofremos na vida, nenhuma dói mais do que aquelas selvagerias praticadas pelas pessoas que fomos obrigados a amar. Nossos parentes. Não sou do tipo que gosta de romantizar situações violentas do meu passado. Mas gosto de olhar para o lado bom de tudo. Por isso, sem medo de errar, digo que o grande estalo da minha vida se deu no natal de 1991 quando, pouco antes da meia noite, minha mãe – por alguma razão – avançou sobre mim, gritando:  “Não revira os olhos quando estiver falando comigo. Não revira os olhos de novo, senão eu quebro a tua cara. Tu não és viado. Tu não és viado”. A mão dela estava fechada. Não sei se ela cravava as unhas na própria carne para tentar se controlar ou para me bater. Mas não me bateu. A sala estava cheia de gente. Família. Amigos. Parentes de toda espécie.  Todos silenciaram!  Todos assistiram à cena de longe... imóveis... impassíveis... distantes... alheios. Poucas vezes me senti tão humilhado quanto naquela n

SEJA O GAY QUE VOCÊ QUER SER

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Essa semana, divulgaram no Facebook uma lista com, supostamente, os gays mais malvados da minha cidade. É incrível como o tempo passou e, no mesmo passo em que evoluímos tanto em alguns aspectos, continuamos tão iguais e idiotas em outros.  O que passa pela cabeça de um gay para fazer uma lista expondo outros gays? Será que agora ele (ou ela) está em casa, se sentindo a pessoa mais inteligente e esperta do mundo por ter exposto pessoas sem ser descoberto?  Bom, essa pessoa pode se sentir muitas coisas, mas jamais poderá se sentir "original". No início dos anos 2000, houve uma extensa lista com nomes de gays ditos malvados... obviamente os gays atingidos naquela época eram outros... Foi um pandemônio!  Se hoje em dia, já é ruim ter seu nome exibido numa lista destas, imaginem há 20 anos. Tempos mais tarde, saiu outra lista, na qual constava não apenas nomes, mas fotos de rapazes nus, feitas por um mau caráter que, se sentindo o "macho alfa", achou c