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Mostrando postagens de janeiro, 2019

Devo me assumir gay?

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Se tem uma questão que nos acompanha desde o dia em que nos descobrimos é se devemos ou não “sair do armário”. E... caso devamos... Qual o momento certo? Bom, como todas as perguntas complicadas da vida, essa também possui uma resposta muito simples:  “Ninguém sabe. Ninguém, além de você, jamais saberá.” Não importa o que você tenha lido. O que dizem os militantes ou os conservadores. Só você vive a sua vida. Só você luta suas lutas e sabe das suas dificuldades. Seria muito cômodo para mim, com 40 anos, financeiramente independente dos meus pais, dizer que todos devemos sair do armário. Eu não sei como é na sua casa. Não sei de suas inseguranças. Nem de suas infelicidades. Não sei se seus pais acreditam num Deus que te coloca no pecado... não sei, muito menos, se você mesmo acredita nesse Deus. Não existe como saber a hora certa. Continuamente ouço pessoas comentando que, depois de uma turbulência inicial, se assumir gay foi libertador, foi “como tirar um peso das

Quando meu pai decidiu amar o filho gay.

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Eu não sabia, mas sempre amei demais o meu pai. Minha mãe conta que, quando eu tinha 4 anos, toda vez que ele saía, eu fechava a mão com força e só abria quando ele voltava para casa. Levaram-me a psiquiatras, neurologistas, médicos de toda espécie, porém logo descobriram que, em vez de uma doença, eu sentia apenas saudade. Meu pai começou a ficar mais tempo em casa, largou o cargo que o obrigava a viajar e eu nunca mais fechei a mão. Ela ficou aberta, como se estivesse sempre esperando um aperto, um carinho, um simples toque... mas nunca veio! Eu e ele nunca conseguimos ser próximos. Eu tinha a impressão de que não éramos chegados porque ele não queria encarar a verdade... Não queria ver que tinha um filho gay. Na adolescência, para tentar uma aproximação, minha mãe insistiu para ele me levar todos os dias ao colégio antes de ir ao banco no qual trabalhava. Não era um longo caminho, mas passávamos uns 20 minutos enclausurados naquele carro silencioso... Ele não dizia nad

ELES SEMPRE FORAM HOMOFÓBICOS

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A primeira vez que ouvi alguém falar sobre AIDS foi em 1987, quando eu passava férias com minha família no Ceará. "Os viados estão morrendo, não sabem o que é... apenas morrem!", um amigo da família falou. "Graças a Deus", alguém respondeu, antes de completar: "é o câncer gay". Não tenho certeza se usaram a palavra "Gay", mas estou certo do uso da palavra "CÂNCER". CÂN-CER. E foi a única vez na vida que ouvi essa palavra ser usada num sentido positivo. Para eles, a AIDS era uma doença milagrosa. O castigo divino a salvar o planeta da praga dos homossexuais, que sujavam tudo com suas mãos frouxas e suas vozes irritantes. Minha mãe abaixou-se, encarou-me nos olhos com muito medo, e disse: "tá vendo, meu filho, o que Deus faz com os viados?" Eu tinha apenas 9 anos. Mas eu já era gay. Eu sempre fui! E doeu demais descobrir que, tão pequeno, eu já era tão odiado por Deus. Não importava o que eu fizesse, o cânc