Felino
Chegado por algum vento de uma primavera precoce.
Um bom presságio e a promessa de levares a tempestade,
Para eu viver a tranquilidade amorosa de serena tarde.
Mas teus olhos, teu corpo, teu gênio de fera
Em nada combinavam com a sensatez da primavera
E nosso amor, a princípio terno, se transformou em hera
A me crescer até libertar o que meu peito de contínuo gera
De longas garras, antes domado, o monstro: a pantera!
Neste instante, correndo solto, esse caçador, indômito felino,
Te busca pela aldeia, para se conectar ao próprio destino
Enlaçado como cordões de estrela em completo desatino
Confundindo os deuses; qual destino terá, por fim, esse menino?
Mas o felino sabe que a corrida nunca terá fim,
Pois agora descansas entre violetas em um silencioso jardim
No qual o tempo não existe e, de Deus, és querubim.
Não estava preparado para tanto amor, tanta aflição,
Foste embora no mundo e levaste meu senso, minha religião
chegaste com gênio de fera, mas doce como um feminino perfume,
E foste embora, me destruindo e saindo impune.
Saulo Sisnando
01/12/2022
13h23
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