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Mostrando postagens de 2025

HIPÓTESE

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Nossa história amor ainda pulsa como “e se” Já existiu, já foi hipótese Mas vive, apesar da dor. Resta remoer o passado, Imaginar um outro agora Estando tu ao meu lado, no girar de cada hora. Se o filme da vida Tivesse atores maduros, A felicidade não perderia, E teríamos, nós, o futuro. Se o tempo fosse diverso, — Tivesse te encontrado depois  — O nosso amor, feliz verso. Seriamos demais: seriamos dois No mundo sem despedida, Sem magoas pelo não dito, Não restaria a carne ferida, só filho, gato  — infinito   . Talvez fora apenas sonho, União frágil, não destino Mas como saber, se me proponho A não esquecer o desatino? Do amor antigo, seguindo servo No eclipse, vivendo o "não", Mas com o coração sempre no alvo, dessa fria solidão. Saulo Sisnando 20.06.2025

TEATRO VERDADEIRO - Quando arte, eu vivo!

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Nos últimos tempos, eu tenho andado em busca de um “Teatro Verdadeiro”. Embora a verdade para um não seja a mesma para o outro. Nos tempos de inteligências artificiais, musicais enlatados e busca por uma estética “Broadway”, sinto o meu “teatro verdadeiro” voltar-se para o essencial, para o rústico, para o off-line. Cada vez mais, sinto-me em casa apenas quando estou em um teatro compromissado com a sua raiz experimental. O teatro atual abre mão de sua vocação guerrilheira e revolucionária, para se tornar um produto dentro de um mundo de plástico, no qual qual bom é se parecer com a Broadway. Ninguém se importa com o coração do espetáculo; o que interessa é assemelhar-se ao “original” da Disney. E então abandonamos nossas histórias, nossas lendas, nossa estética e, pior, nossas lutas urgentes e pulsantes — para, na conhecida síndrome de vira-lata, nos empenharmos para fazer peças tão “boas” quanto os americanos, os ingleses e os franceses. Embora eles estejam contando suas histórias. E...

SOBRE TRêS e o fim!

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“Enfim, ela descansou.” Foi assim que recebi a notícia da partida da tia Célia, justamente quando chegava para a última apresentação do espetáculo TRÊS. E não há como não pensar em fins… em encerramentos de ciclos. TRÊS, minha nova peça, é inspirada no espetáculo Violetango, de Miguel Santa Brígida — mestre no início da minha trajetória como ator e que, justamente nesta semana, me anunciou sua aposentadoria após décadas como professor da UFPA. Tia Célia chegou um pouco antes. Foi minha professora na 3ª e 4ª séries, no Colégio Nazaré. Ela morava em frente à minha casa, e todos os dias eu entrava no seu Fusca branco, e Íamos juntos para a escola. No carro, éramos amigos, quase mãe e filho. Na sala, ela era a professora, e eu, o aluno. Foi com tia Célia que aprendi os tempos verbais e decorei — até hoje sei de cor — todas as preposições da língua portuguesa. Em sua homenagem, escrevi, em 2019, a peça “O Príncipe Poeira e a Flor da Cor do Coração”. Apresentei no Rio de Janeiro e ganhei vár...