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Mostrando postagens de setembro, 2009

Você não apareceu*, de saulo sisnando

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O seu lugar estava guardado Marcado, fechado e trancafiado Só seria aberto por nossos números, Nossas senhas, nossas cenas obscenas O seu lugar estava lá Guardado no meio de tanta gente Mas num lugar onde só você poderia me ver diferente, Poderia me ver de frente e bem quente Mas você não apareceu E agora o lugar mudou de lugar As senhas não são mais as mesmas As cenas rastejam com lesmas E tudo que era lindamente obsceno Perdeu-se entre as trevas de minhas pernas Virou lixo, pó Vagas memórias Pássaros sem penas Lindas loucas histórias Que jamais serão contadas Mas eu conheço tuas velhas cantadas E sei que as minhas senhas serão novamente roubadas Rezo para isso Para ouvir novamente teu riso Povoando meu insensato juízo Prece que ser Nada mais que teu piso " Saulo Sisnando " escrevendo como " Saulo Sisnando " * projeto " poeminhas "

A felicidade de Lúcia

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Quando Lúcia ouviu o curto ranger das dobradiças, acreditou que fosse Virgínia voltando das compras. Mas logo se percebeu enganada, pois não se seguiram ao ringir da porta, aquele cômico chiado da saia de cetim, as sandálias de salto de pau estalando no piso e os sacos plásticos audíveis, ocultando botões, novelos de lã e metros de tecido, que Virgínia saíra decidida a comprar. É!, definitivamente não era a criada, voltando ao final da tarde. O som reconhecido dos gonzos, ao contrário, seguiu-se de uma carícia suave nas pernas; era Selma, a gata, que empurrara a porta com focinho e viera fazer-lhe companhia. “Selma”, pensou, “Só mesmo a Virgínia para colocar um nome desses numa gata”. Lúcia estava à janela, em pé, com a cabeça levemente inclinada para fora, sentindo o cheiro do vento úmido daquela tarde de setembro em Belém do Pará. “Que calor!”, pensou ela. Fora tola ao crer já ser tempo de Virgínia retornar de sua tarde no comércio; o sol ainda lhe ardia muito os braços alvos, p