Meus Poderes






Me explica esse teu amor
Me faça entender tua dor
Qual motivo terá sido?
De onde o turbilhão terá surgido?


Do meu punho quebrado
Do meu jeitão de veado


Esse meu clima de final de tarde
Esse meu peito que arde


Meu complexo de pavão
Minha pluma, minha mão


Meu olhar, por lápis recortado
Meu lábio grosso: rachado!


Meu tão arredondado tronco
Minha forma de roubar e marcar ponto


Minha promiscuidade
Ou minha ambigüidade?


Minhas estratégias de fel
Meu cheiro agudo de mel


Minha inteligência, minha intransigência
Minha eterna adolescência


Meus poemas à Bruna Lombardi
Meu sexo que teima... E parte!


Foram meus pretextos, meus contextos
Os heróis que habitam meus textos


Foram meus olhos opacos, tão pretos
Meus tão escondidos amuletos


Meus incomunicáveis segredos
Ou foram os anéis que não povoam meus dedos?


Meu andar de sabiá
Minha eterna maneira de ludibriar


Meu rosto anguloso, quadrado
Minha sutil agonia quando o giz risca o quadro


Meu abraço, meu desembaraço
Meu nariz grande, cortante como aço


O rebolado de macho mau
Minha obscenidade: meu pau!


Minhas infantis rimas com bola
Meu cosmopolita vício: beber coca-cola


Tantos poderes me surgem em má hora
Minha jogada deu bola fora
E com elegante decência
O teu “Je t’aime”
Sem clara clarividência
Se esbarrou no meu “moi non plus”




"Saulo Sisnando"
escrevendo como "Saulo Sisnando"
* projeto "poeminhas"

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