Deus. E o menino gay.

A primeira vez que subi num palco, foi aos 15 anos. Eu tinha escrito uma peça de teatro para apresentar num festival do colégio. Nessa época, eu já sabia que aquele seria meu futuro e convidei minha mãe para assistir a apresentação. Queria convencê-la de que o teatro era um caminho sem volta. O auditório estava lotado. As cortinas se abriram. Aquele frio na barriga apareceu. Mas poucos segundos depois de eu entrar em cena, um grande coro ecoou pela plateia. Todos os alunos daquele colégio católico – ou quase todos! – gritaram harmoniosamente: "Viado... Viado... Viado... Viado..." A melodia repetiu-se várias vezes durante a apresentação e, ao final, não tive coragem de participar do agradecimento. Fiquei muitos minutos escondido pelas coxias e quando saí de lá, o teatro estava vazio. Exceto pela presença de minha mãe, que – embora estivesse tão humilhada quanto eu – segurou no meu ombro e disse: "Foi uma boa peça, meu filho. Você tem ...