AMOR NEGADO

 



Quisera eu ter um avião

Para que, onde tu habitas, o firmamento

Pudesses professar as alegrias do teu coração

Pedindo teu amor, teu homem, em casamento.

 

Quisera eu ter um país só meu,

Erguido não por cima normas frias,

Mas sobre as leis do amor, da empatia,

Para que pudesses viver, não regalias!,

Mas a igualdade do ser eu.

 

Logo a ti, menino viajante,

Tu que tens as asas de Ícaro,

Foi negado o direito derramar na altura do sol nascente,

Teu amor, teu desejo, tua paixão ardente,

Tua fidelidade de cisne, comprometida com teu par

Como um pássaro a percorrer, infinitamente,

Toda a distância do mar.

 

Mas calma, menino amante,

Pois, diverso de Ícaro,

Não despencaras sobre o Egeu, mar gigante,

Morto, combalido, em brasa ardente

Pois, nas tuas asas de pássaro,

Existe a força de um povo, uma nação,

Que ouve o teu lamento triste

Como um convite para a luta, uma intenção,

um brado ensurdecedor e vibrante,

Para que o amor – teu sonho –

Encontre lugar seguro e quente

para pousar entre nuvens, ondas: um galho,

e começar a construção do teu ninho,

Sem grito, lágrima ou barulho,

Apenas a serenidade de uma casa amante.


Saulo Sisnando

10 de fevereiro de 2023.

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