POEMA DE ANO-NOVO

 


Hoje é o dia para sentirmos falta

Daqueles que já se foram e

Daqueles que nós já fomos.

É a hora exata de descobrirmos

que a felicidade não floresce em castelos,

Mas em cabanas discretas,

Pois o amor é um rio subterrâneo

que brota, em nascentes modestas,

nos quintais das casas mais humildes.

Porque amor é simplicidade!

Hoje é dia para mentirmos

Dizermos que não viveremos mais o passado

Para mergulharmos na estrada em frente

de faróis acesos. Velozes.

Hoje é dia para termos esperança,

Dia de darmos nome a uma estrela

E imaginarmos nossos mortos em uma nave,

Voando numa velocidade inimaginável

Levando para outros povos

memórias que foram apenas nossas

para que esses novos seres – frios marcianos! –

entendam o sentimento humano da paixão.

Que a coragem de viver nos invada num brilho dourado

Que os abraços ainda sejam sentidos à noite

Que a viagem continue rumo ao infinito

E que nesse sem-fim estejamos todos

 vivos e mortos, lá e cá –

Como mosquitos

Girando em torno de uma única fonte de luz

Sem consciência do tempo

Da morte

Da ausência

Da tristeza

Apenas absortos pela felicidade

De estarmos em círculo

De mãos dadas.


saulo sisnando

31.12.22

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Quando meu pai decidiu amar o filho gay.

AQUELAS “PEQUENAS” HOMOFOBIAS DIÁRIAS

Deus. E o menino gay.