VÍCIOS
Embora eu tente esconder,
tu conheces os mistérios do meu falso sorriso,
as presas ocultas a abocanharem sem aviso;
aqueles ardis processos de obter prazer.
Embora eu tente fugir dos teus abraços
Apenas tu, com teus dedos em laços,
És capaz de calar os meus infantes soluços
Por derrotas que me prenderam em invisíveis calabouços
E me desfiguraram o rosto, escondendo, de tal forma, os
ossos
Que nem reconheço mais os documentos que trago nos bolsos
Embora, nem sempre, eu te dê valor
É por ti – acredite! – que ainda vivo, alimentado por teu amor.
Pois respirar, para meu espírito perdido, é apenas um favor
Que cobrarei em breve, quando não suportar mais a dor.
É por ti que, em última tentativa de controle,
meu coração dolorido bate a sístole,
de um sangue lento a andar, pela minha carcaça, em desfile
Buscando o contrapeso de tua poderosa diástole,
Capaz de bombear pelo teu corpo, como num baile
o sangue necessário para teu coração mole
fazer crescer sobre tua livre humana pele
o musgo necessário para cobrir, como um tule,
com teu amor,
minha metade... viciada e sem controle.
Saulo Sisnando
12.12.22
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